Texto Final: Grupo 4: "Economia Comportamental e Avaliação De Riscos"


1. ECONOMIA COMPORTAMENTAL
Princípios da Utilidade e Maior Felicidade

Após uma análise mais introdutória sobre a economia comportamental, podemos agora definir princípios que foram elaborados para o melhor uso da economia. Tais princípios nos mostrarão que através de uma análise detalhada do comportamento humano perante o mercado, é possível definir estratégias que fazem com que o consumo permaneça em alta, deixando assim o mercado investidor e consumidor ativo. Podemos já destacar que os estudos realizados para definição desses princípios são baseados na atenção, percepção, objetivos, intenções, desejos, entre outros fatores que estão relacionados com a maneira com que o consumidor se relaciona com o mercado.

Sendo assim, o filósofo (Bentham, apud  Pessanha, 1984 p.) estuda a aplicação do Principio da Utilidade como fundamento da conduta individual e social. Bentham escreveu o seguinte trecho a respeito desse princípio: “a natureza colocou o gênero humano sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e o prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que na realidade faremos. Ao trono desses dois senhores está vinculada, por uma parte, a norma que distingue o que é certo do que é errado, e, por outra, a cadeia das causas e dos efeitos”. Podemos, portanto, relacionar a definição de uma unidade de valor que venha a trazer mais ganho com base nesse princípio.

Relacionado diretamente com o princípio anteriormente citado está o Principio da Maior Felicidade. Da mesma forma, Bentham escreve: “o principio que estabelece a maior felicidade de todos aqueles, cujo interesse está em jogo, como sendo a justa e adequada finalidade da ação humana, e até a única finalidade justa, adequada e universalmente desejável; da ação humana, digo, em qualquer situação ou estado de vida, sobretudo na condição de um funcionário ou grupo de funcionários que exercem os poderes de governo”.

A relação desses princípios, os quais são totalmente relacionados ao comportamento humano, se da pelas ideias de felicidade e prazer de um lado, e utilidade do outro. Os estudos comprovam que a felicidade e o prazer na aquisição de bens por parte do consumidor são visíveis aos olhos de qualquer pessoa. Portanto, como já foi citado anteriormente, é possível avantajar-se desses fatores para busca de um maior ganho pela definição do melhor valor para determinado produto. Em contrapartida, a ideia de utilidade pode ser definida como a aprovação ou desaprovação de ações que venham a trazer ou não mais felicidade.

Uma vez estudados tais princípios, a utilidade da economia comportamental mais uma vez pode ser destacada como importante estratégia a ser utilizada para movimentar o mercado, de modo a promover o melhor caminho para se tiver um maior ganho.

2. AVALIAÇÃO DE RISCO
2.1 Risco e incerteza

Determinadas escolhas que precisam ser feitas envolvem um considerável grau de incerteza. Por exemplo, a maioria das pessoas fazem empréstimos para financiar grandes aquisições planejando pagar com rendimentos futuros. No entanto para a maioria das pessoas a renda é incerta. Elas não sabem se a própria renda irá aumentar ou diminuir, podendo ser promovidas no trabalho, rebaixadas ou até mesmo demitidas. Porém adiar esse investimento seria um risco muito grande, pelo fato de haver aumento dos preços e ficando assim mais difícil adquiri-los.

É necessário então decidir o grau de risco que estamos dispostos a assumir. Toda a incerteza possui um grau de risco, e nós vivemos isso em nosso dia-a-dia, como trabalhar em uma empresa grande e estável, em que haja segurança no emprego, embora as oportunidades de progredir sejam baixas. Em contrapartida seria mais interessante fazer parte de uma empresa, ou até mesmo fundá-la, cuja qual lhe ofereça maior oportunidade de progredir, porém lhe oferece menor segurança? E como decidir tal grau de risco?

Para responder a essas perguntas é necessário examinar quatro etapas:
  1. Descrição do risco. Como podemos medi-lo?
  2. Preferências em relação ao risco.
  3. Redução do risco.
  4. Seleção do grau de risco (Demanda por ativos de risco).
2.1.1 Descrição do risco. Como podemos medí-lo?

Vamos primeiro conceituar as diferenças entre incerteza e risco. Pois na economia, não é incomum encontrar o termo risco como sinônimo de incerteza. Já o economista Frank Knight (1972, p. 249) fez a seguinte distinção entre risco e incerteza:
A diferença prática entre as duas categorias, risco e incerteza, é que na primeira a distribuição do resultado num grupo de casos é conhecida (quer através do cálculo a priori, quer das estatísticas da experiência passada), enquanto no caso da incerteza isso não ocorre, em geral devido ao fato de que é impossível formar um grupo de casos, porque a situação que se enfrenta é, em alto grau, singular.
Pela definição de Knight, a diferença básica entre risco e incerteza consiste na presença ou não de uma distribuição de probabilidades sobre certo evento. Dessa forma, incerteza se refere a situações em que não se conhece a distribuição de probabilidade dos resultados. Risco é a situação em que se podem estabelecer os possíveis resultados e suas respectivas probabilidades de ocorrência.

E para poder descrever o risco de forma quantitativa, é necessário que saibamos quais são os possíveis resultados de determinada ação, bem como qual a probabilidade da ocorrência de cada resultado.

2.1.1.1 Probabilidade

A probabilidade refere-se à possibilidade de que determinado resultado venha a ocorrer. A sua interpretação pode depender da natureza dos eventos incertos, bem como a convicção das pessoas envolvidas, ou ambos os fatores. Objetivamente a probabilidade fundamenta-se na frequência com a qual determinados eventos tendem a ocorrer. Suponhamos que saibamos que, a cada 100 micros ou pequenas empresas que são abertas apenas 47 chegam se desenvolver para pagar os seus custos de criação, ou seja, conseguem finalizar o estágio de maturação e se tornam uma empresa de sucesso. Diante dessa informação a probabilidade de sucesso é de 47%, considerada objetiva, pois baseia-se diretamente na frequência anterior de experiências similares.

Porém se não houver informações sobre ocorrências passadas teria de basear-se em algo subjetivo, ou seja, que ainda não ocorreu. A probabilidade subjetiva baseia-se na percepção de que determinado resultado poderá ocorrer. Tal percepção pode ser embasada da experiência de uma pessoa, e assim podem ser atribuídas diferentes probabilidades a diferentes resultados. Permitindo, então, que pessoas distintas cheguem a escolhas distintas.

Qualquer que seja a interpretação da natureza da probabilidade ela estará presente nas duas medidas mais importantes que nos auxiliam a descrever e a comparar escolhas de risco.

2.1.1.2 Valor Esperado

O valor esperado associado a uma situação incerta corresponde a uma média ponderada de payoffs (valor do retorno associado a um resultado possível de ocorrer) ou valores associados a todos os possíveis resultados, sendo as probabilidades de cada resultado utilizadas com o seu respectivo peso. O valor esperado mede a tendência central, isto é, o payoff que, na média, deveríamos esperar que viesse a ocorrer.

A equação para o valor é dado por:
E(X) = Pr1X1 + Pr2X2 +...+ PrnXn
Exemplo: Numa empresa, as previsões de despesa para o próximo ano foram calculadas como: R$ 9, 10, 11 , 12 e 13 bilhões. Supondo que as despesas do ano corrente sejam desconhecidas, as seguintes probabilidades foram atribuídas respectivamente: 30%, 20%, 25%, 5% e 20%. Seja X a variável aleatória "despesa referente ao ano i, i = 1, ... , 5". Assim, os possíveis valores de X são {9, 10, 11, 12, 13}. Qual é a distribuição de probabilidade para o próximo ano e qual o valor esperado das despesas para o próximo ano?


Distribuição de probabilidade  
Ano
Despesa (X)
P(X)
1
9
0,30
2
10
0,20
3
11
0,25
4
12
0,05
5
13
0,20

Total:
1,00


O valor esperado das despesas é dado por


Exemplo sobre valor esperado de variáveis aleatórias. Disponível em: <http://www.portalaction.com.br/content/32-valor-esperado-de-vari%C3%A1veis-aleat%C3%B3rias-cont%C3%ADnuas> Acesso em: 05 Abr. 2013

2.1.1.3 Variabilidade

A variabilidade é a extensão pela qual os resultados possíveis em situações incertas diferem. Para percebermos como a variabilidade é importante, estudaremos um exemplo retirado do livro: Microeconomia, PINDYCK; RUBINFELD.

Suponhamos que você esteja fazendo uma escolha entre dois empregos na área de vendas que ofereçam a mesma renda esperada de R$1.500,00; ambos são temporários e de meio período. O primeiro baseia-se totalmente em comissões. Há duas rendas com igual probabilidade de ocorrência: R$2.000,00 para um bom resultado de vendas e R$1.000,00 para um resultado inferior. O segundo emprego é assalariado. É bem provável que você ganhe R$1.510,00 enquanto a empresa continuar operando (0,99 de probabilidade), mas há a probabilidade de 0,01 de que a empresa encerre suas atividades, e nesse caso você receberia R$510,00 a título de rescisão.

Observe que os dois empregos oferecem a mesma renda esperada. No primeiro emprego a renda esperada é 0,5 (R$2.000,00) + 0,5 (R$1.000,00) = R$1.500,00; no segundo emprego, a renda é 0,99 (R$1.510,00) + 0,01 (R$510,00) = R$1.500,00. Mas a variabilidade dos payoffs possíveis é diferente para os dois empregos. Essa variabilidade pode ser medida notando que, quanto maiores forem as diferenças (sejam positivas ou negativas) entre os payoffs efetivos e os payoffs esperados, denominados desvios (diferença entre os valores de payoff esperados e efetivos), maior será o risco.

Tabela 1 - Rendas de empregos de vendas
Resultado 1
Resultado 2
Probabilidade
Renda (R$)
Probabilidade
Renda (R$)
Renda esperada (R$)
Emprego 1: Comissão
0,5
2.000
0,5
1.000
1.500
Emprego 2: Salário Fixo
0,99
1.510
0,01
510
1.500

Por si sós, os desvios não fornecem uma medida de variabilidade, por que em algumas vezes o desvio é negativo, assim a média dos desvios ponderados pela probabilidade é sempre 0.


Tabela 2 – Desvios de rendimentos esperados
Resultado 1
Desvio
Resultado 2
Desvio
Emprego 1: Comissão
2.000
500
1.000
-500
Emprego 2: Salário Fixo
1.510
10
510
-990


Tabela 3 – Cálculo da variância (R$)
Resultado 1
Quadrado do desvio
Resultado 2
Quadrado do desvio
Média ponderada do quadrado do desvio
Desvio padrão
Emprego 1
2.000
250.000
1.000
250.000
250.000
500
Emprego 2
1.510
100
510
980.100
9.900
99,50

2.1.2 Preferência em relação ao risco.

Estabelecer o grau de aversão ao risco dos agentes econômicos não é tarefa fácil, uma vez que situações que parecem de alto risco para uma pessoa podem ser consideradas de baixo risco para outras.

É justamente esta diversidade de posições que está relacionada ao conjunto de informações de cada pessoa, que permite em muitos casos os negócios entre as partes envolvidas.

Os comportamentos básicos com relação ao risco são: tendência, indiferença e aversão ao risco.

As pessoas que são indiferentes ao risco não exigem retorno adicional em resposta ao aumento/crescimento do risco.

Já as pessoas com tendências ao risco exigem um retorno adicional baixo para assumir riscos maiores.

Por sua vez, o grupo de pessoas que é avessa ao risco exige um adicional na taxa de retorno exigida ou esperada em razão de um incremento no risco.

O retorno obtido ao escolher-se um investimento arriscado, ao invés de um investimento relativamente isento de riscos, é chamado de retorno “excedente”. No entanto, este “excedente” também pode ser interpretado como uma recompensa pelo risco assumido, por este motivo vemos com frequência a expressão “prêmio por risco” no mercado.

2.1.3 Redução do risco.

Há três maneiras pelas quais os consumidores e as empresas costumam reduzir seus riscos: diversificação, seguros e obtenção de informações adicionais a respeito de opções e payoffs.

Um determinante de grau de risco é o volume de capital. Quanto mais capital excedente uma pessoa tiver (mais além do atendimento das suas necessidades básicas), portanto mais propenso ao risco. Quanto menos capital excedente mais avesso ao risco.
2.1.3.1 Diversificação.

Pindyck e Rubinfeld (Microeconomia, PINDYCK; RUBINFELD), citam em seu livro, a necessidade de diversificar, ou seja, distribuir os recursos entre uma gama de atividades cujos resultados não estejam intimamente relacionados, reduzindo assim os riscos.

2.1.3.2 Seguros.

Pessoas com aversão a riscos estão dispostas a despender parte de sua renda para evita-los. As pessoas com aversão a riscos vão adquirir seguros que, se possível, cubram totalmente quaisquer prejuízos financeiros que possam sofrer. Pois, a aquisição de seguros garante que uma pessoa possa usufruir a mesma renda, havendo ou não a ocorrência de perdas.

2.1.3.3 Valor das informações.

Quanto maior a quantidade de dados disponível para o consumidor, mais seguras serão suas previsões, reduzindo, assim, o risco. Como as informações são uma mercadoria valiosa, as pessoas pagarão por elas.

2.1.3.4 Seleção do grau de risco (Demanda por ativos de risco).

A maioria das pessoas tem aversão a riscos. Havendo escolhas, elas preferem uma renda mensal fixa a outra que na média seja um pouco maior, mas que apresente flutuações aleatórias de mês para mês. Entretanto, muitas dessas pessoas seriam capazes de investir em ações, letras de cambio e outros ativos que apresentem algum risco. Por que razão indivíduos que têm aversão a riscos são capazes de fazer investimentos no mercado acionário, arriscando-se a perder parte, ou a totalidade, de seus investimentos? Como as pessoas tomam suas decisões quanto ao grau de risco que assumirão ao fazer seus investimentos e ao realizar planos para o futuro? Para responder a tais questões, é necessário examinar a demanda dos ativos de risco:

Um ativo é algo capaz de produzir um fluxo de dinheiro para seu proprietário. Um aluguel, uma caderneta de poupança ou ações em empresas são ativos. As pessoas adquirem e retêm ativos em razão do fluxo monetário que eles produzem.

Quando as pessoas investem suas economias em ações, títulos, terras ou em outros ativos, geralmente esperam obter um retorno que exceda a taxa inflacionaria, de tal modo que, por meio do adiamento de consumo, possam futuramente adquirir mais mercadorias do que poderiam adquirir hora despendendo toda a sua renda.

A demanda de um ativo não depende apenas de seu retorno esperado, mas também de seu risco. Ou seja, a escolha de um consumidor por ações em empresas, por exemplo, depende tanto do retorno que esta lhe trará quanto do risco, menor risco, maior possibilidade de retorno, embora, consequentemente, menor.

3. REFERÊNCIAS.

BENTHAM, Jeremy (1789). Vida e Obra (Consultoria: José Américo Motta Pessanha). Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo, Abril Cultural, 1984. 

KNIGHT, FRANK H. Risk, Uncertainty and Profit. Boston, MA: HART, Schaffner & Marx; Houghton Milfflin Co, 1921.

ROBERT, PINDYCK S.; RUBINFELD, DANIEL L. Microeconomia. 6. Ed. Editora Pearson Prentice Hall, 2005. 

Cálculo do valor esperado de variáveis aleatórias. Disponível em [http://www.portalaction.com.br/content/32-valor-esperado-de-vari%C3%A1veis-aleat%C3%B3rias-cont%C3%ADnuas acesso 05 Mar. 2013. 

Cálculo do valor esperado de variáveis aleatórias. Disponível em http://www.portalaction.com.br/content/32-valor-esperado-de-vari%C3%A1veis-aleat%C3%B3rias-cont%C3%ADnuas acesso 05 Mar. 2013. 

IAREP - International Association for Research in Economic Psychology. Disponível em http://www.iarep.org/ acesso 05 Mar. 2013.
 

Prof.º Francisco Ribeiro
Disciplina: Economia 
Leonardo Lucas Lana      AD121183
Mariana Cristina da Silva      AD121184
Matheus Domingos de Oliveira      AD121187
Natanael Tavares Lemos     AD121190
Orlando Wilson Martins Rocha     AD121192
Rodrigo de Oliveira Popest Monteiro     AD121198

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