Grupo 1 - Teoria da Escolha: Pública, Social, Racional e Individual

       1. Introdução

        Nesse último texto, trataremos do último assunto, a Teoria da Escolha. Trata-se da modelagem teórica utilizada para entender como as pessoas realizam suas escolhas, a base para as previsões sobre comportamento e prescrições econômicas e políticas. Essa teoria pode tratar especificamente de grupos específicos de pessoas, como a Teoria da Escolha Pública, mais voltada para a escolha dos políticos e seus interesses (o que, teoricamente, deveriam ser voltados para o bem estar da população); como também a Teoria da Escolha Individual, que tem uma abordagem similar a Teoria do Consumidor.

            O texto tem como foco a diferença entre as teorias, e como escolhas públicas tendem a diferir das individuais devido a fatores como interesses da sociedade e as preferências da mesma. Como por exemplo o conflito da teoria racional e individual com a teoria da escolha pública, que é voltada para os interesses individuais enquanto a outra é voltada para interesses da sociedade como um todo. 

      2. Teoria da Escolha Pública

     Em termos de senso comum, o papel do Estado na economia, a forma como utiliza os meios que lhe são colocados à disposição e as motivações que estão na base das ações e atitudes dos políticos são aspetos muitas vezes postos em causa pelas mais diversas razões e nas mais diversas circunstâncias. Até meados do século XX não existia, pelo menos de forma sistemática e organizada, um estudo integrado sobre esse tipo de aspetos associados à atuação dos governos e dos políticos na economia. Essa lacuna foi preenchida pela denominada teoria da escolha pública, surgida por intermédio fundamentalmente dos esforços de dois economistas norte-americanos, James Buchanan e Gordon Tullock, tendo o primeiro aliás recebido o Prêmio Nobel da Economia em 1986, pelos seus trabalhos nesta área. A base dos estudos dos referidos autores foram a tributação e os gastos públicos do Estado.
    O principal sustentáculo da teoria da escolha pública é o de que o funcionamento de todo o processo político (eleições, tomadas de decisão, legislação, etc.) assenta na busca por parte dos indivíduos envolvidos principalmente do seu interesse próprio, podendo falar-se no chamado mercado político. Deste pressuposto deriva a possibilidade de o processo político poder implicar a ocorrência de falhas dos governos, eventualmente graves, aquando da escolha entre os vários programas alternativos de governo que possam existir.
   Segundo esta teoria, aplicada fundamentalmente no contexto político e econômico norte-americanos, o referido mercado político é constituído por vários tipos de elementos: eleitores, políticos (legisladores), elementos de lobbies e burocratas do governo.
      Relativamente ao papel dos eleitores, esta teoria salienta o facto de, dada a incapacidade individual de afetar uma eleição, se verificar um elevado desinteresse destas entidades sobre os assuntos políticos. Este desinteresse é contrário ao interesse que os mesmos eleitores demonstram na tomada de decisões de consumo individual.
    Quanto aos políticos e legisladores, esta teoria preconiza que, pelo facto de no exercício das suas funções estarem a lidar com os recursos de outras pessoas e não dos seus próprios diretamente, o incentivo para que tomem decisões eficientes e de acordo com o interesse público é reduzido. 
  Tendo em conta o enquadramento apresentado, há um espaço criado para a criação e influência de lobbies no processo político, que acabam por ser capazes de influenciar os legisladores e os próprios burocratas do governo nas suas decisões, fazendo-as naturalmente pender para o lado dos seus interesses. Os lobbies são assim grupos de interesses de vária ordem (industriais, comerciais, religiosos, etc.) que acabam por desempenhar um papel fundamental na ordem econômica de acordo com a teoria da escolha pública.
Para além do ênfase dado às falhas dos governos, a teoria da escolha pública também centrou a sua atenção na proposta de medidas para corrigir os problemas, salientando designadamente as vantagens de uma intervenção do Estado ao nível mais local possível e propondo formas de limitação da despesa pública.
Tendo em conta o referido, a teoria da escolha pública entra em parte em colisão com a visão keynesiana da intervenção do Estado na economia, segundo a qual este desempenha um papel fundamental na correção de falhas de mercado (exemplo: monopólios).

3. Teoria da Escolha Social

O modelo matemático que descreve esta teoria e expresso da seguinte maneira:
Suas variáveis são, sociedade, conjunto de alternativas X;
Um conjunto de relações de preferências de X, para cada indivíduo da sociedade há um conjunto de preferências da sociedade sobre X.
Dentro desta função existe a regra chamada de Função do bem estar social, onde escolhas sociais exercem função sobre as escolhas de cada individuo, onde as preferências racionais individuais são agregadas à preferência da comunidade.
Apenas as escolhas individuais não são suficiente para se definir a racionalidade social, por isso é necessário seguir as seguintes regras de escolhas:
·         Independência das alternativas irrelevantes;
·         Unanimidade
·         Domínio restrito (Estar definida para todo perfil de preferência racional).
·         Não ditatorial

Escolhas racionais são aquelas em uma relação de preferência.
Se o resultado, numero de alternativas, for superior a 2, significa que não há função do bem estar social que represente de forma racional as escolhas da sociedade.
A seguir um exercício resolvido usando a teoria da escolha, retirado do livro de Castro, Luciano I. de e Faro, José Heleno.
Vamos agora estudar as escolhas sociais. E evidente que há situações em que decisões que precisam ser tomadas em grupo afetam o bem-estar de cada indivíduo. Em primeiro lugar, devemos observar que dependendo da forma de escolha que se adote, um indivíduo pode ser beneficiado. Para ilustrar isso.
Suponha que a Câmara de Deputados é formada por três partidos, 1, 2, 3, de mesmo peso político (mesmo número de votos) e há três projetos (A, B, C) em consideração sendo que apenas um deles deve ser escolhido. A preferência dos partidos é a seguinte:
     
Digamos que o presidente da Câmara estabeleça o seguinte sistema de escolha dos projetos: dois projetos são votados. O que obtiver maior número de votos disputará com o terceiro. O vencedor da segunda votação será o projeto escolhido. A ordem com que os projetos serão votados será determinada “aleatoriamente” pelo presidente da Câmara. Essa regra parece bastante razoável, pelo menos à primeira vista. No entanto, ela simplesmente determina que o presidente escolherá, sozinho, o projeto. De fato, é possível ver que, qualquer que seja o projeto deixado para o segundo round, este será o projeto vencedor. De fato:
• Segundo round com A - Neste caso o projeto B recebe os votos dos partidos 1 e 2 e vence a primeira rodada. Depois, o projeto A recebe os votos dos partidos 1 e 3.
• Segundo round com B - O projeto C recebe os votos dos partidos 2 e 3. Depois é derrotado para o projeto B, que recebe os votos de 2 e 1.
• Segundo round com C - O projeto A ganha a primeira rodada com os votos de 1 e 3 e depois perde para C pelos votos de 2 e 3.
O exemplo acima mostra, então, que escolhas sociais podem ser manipuladas. Na verdade, não existiria nenhuma maneira de estabelecer regras de escolha social totalmente satisfatórias no caso geral. Isso nos obriga, então, a estudar cada uma delas e o que apresentam de bom e ruim.

4. Teoria da Escolha Racional 

       A teoria da escolha racional é voltada para o individualismo onde os indivíduos são racionais e assim, visam a maximizar o prazer e o bem estar.  Podemos destacar três pontos dessa teoria:
        ·         Procurar a melhor solução possível a qualquer custo não é em si uma decisão racional, ou seja, em um determinado processo de decisão, não é necessário identificar a melhor solução possível, pois o tempo que poderá ser gasto nas tentativas de identifica-lo, não os torna viável. Sendo assim, é preciso que haja a compreensão de quando pensar e como pensar na hora de tomar uma decisão;
          ·         As emoções devem ser separadas da razão, porém, em quase todas as tomadas de decisões as emoções são fatores que influenciam, como por exemplo, o ser frio de uma pessoa ao tomar uma decisão não deixa de ser uma emoção, no entanto uma emoção que leva a uma escolha racional. Porém, também há escolha em que a Escolha racional é deixada de lado. Podemos citar como exemplo, o jogo do ultimato, proposto por Romer(2000), que a princípio seria oferecido para uma pessoa 7 reais, sendo que ele só ganharia esse premio, se um segundo participante aceitasse 3 reais que seria oferecido a ele. No caso há duas possibilidades de decisões: uma em que o segundo participante teria uma falha de cognição, ou seja, não entendo que aquele jogo não ocorrerá novamente, rejeitando os 3 reais pois imagina que o participante 1 faria a mesma coisa; ou então o participante 2 percebe que de fato é um ultimato porém, recusa a oferta partindo de um sentimento de inveja, pois o participante 1 ficaria com a maior quantidade dos 10 reais. Nesses dois casos, o comportamento racional é deixado de lado. No caso ambos não tinham nenhum recurso, ou seja, qualquer quantia seria lucro para ambos, como nos dois casos houve a rejeição, a teoria da utilidade (mais é sempre preferível que menos) não esta sendo posta em prática;
       ·       Aparecem também falhas cognitivas, ou seja, decisões que não foram tomadas imparcialmente, levando em consideração emoções e até mesmo decisões por impulso. As decisões acabam sendo tomadas por intuição por parecerem resultados conhecido, mas muitas vezes não são. 

      5. Teoria da Escolha Individual

A teoria da escolha individual foi descrita pelo economista Adam Smith em 1776, que defende que o bem-estar da sociedade é o resultado da soma dos interesses individuais de cada consumidor e de cada vendedor. Essa teoria engloba quatro princípios:
·         1. As pessoas buscam comprar aquilo que valha a pena;
·         2. A escolha individual determina o que vale a pena; 
·         3. Por meio da compras, os objetivos individuais serão realizados; 
·      4. As pessoas são responsáveis pelas suas ações e escolhem o que é melhor para elas (princípio da soberania do consumidor).
A soberania do consumidor baseia-se, no principio de total liberdade do consumidor, para tomar as próprias decisões do que fazer, falar e comprar, sem haver interferências externas, chegando ao ponto de ser comparado ao egoísmo. Decisões tomadas para satisfazer suas vontades. Esse pensamento adota um principio de que a economia, não deve ser gerenciada por nenhum tipo de órgão, e o governo existe apenas para coordenar o sistema político e social, sem uma participação ativa no desenrolar da atividade econômica. Tornando a economia uma coisa viva e que toma os próprios rumos, de acordo com as vontades dos consumidores num geral. Tal tipo de economia seria capaz de mostrar exatamente aquilo que o consumidor deseja para lhe satisfazer.
Esse sistema defende a qualidade da escolha do consumidor. Para tal elaboram-se as medidas anticartéis, para que não se formem monopólios, estes impedem o consumidor de exercer o seu poder de escolha, sua alternativa de consumo. O eixo das relações tem de estar nas mãos do povo que o exerce de forma direta por meio de suas leis instituídas.
É muito comum a propaganda influenciar o consumidor, colocando em sua cabeça uma falsa necessidade de obter tal produto, esse tipo de propaganda gera um consumismo desenfreado e que gera danos a economia de forma geral, Tal sistema também necessita que o consumidor faça compras inteligentes, que realmente gerem algum beneficio, podendo ser de curto, médio ou longo prazo, e que conheça muito bem seus diretos, para que não sofra nenhum tipo de lesão.

6. Conclusão

           Concluímos que nem sempre as teorias ditam o que ocorre na prática. Não é todo dia que os políticos tendem a pensar nos interesses da sociedade e a escolha individual tende a ser mais importante do que as outras. Infelizmente no país em que vivemos a escolha pública é para poucos que muitas vezes levam todas as características de uma escolha individual. A unanimidade é do interesse dos políticos e não do bem estar da comunidade. Até mesmo aspectos da escolha racional são falhos e não se enquadram em escolhas públicas e sociais.

      Referências Bibliográficas   

GOMES, O. Racionalidade e escolha. Disponível em: <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/egg/v12n2/v12n2a04.pdf>. Acesso em 30 de maio de 2013.

CASTRO, L. I de F, HELENO, J. Livro Introdução à Teoria da escolha. Disponivel em: <http://w3.impa.br/~luciano/livro.pdf>. Acesso em 26 de maio de 2013.

SOTOMAYOR, M. Teorema da impossibilidade de Keneth Arrow. Disponivel em: <http://www.mat.ufg.br/bienal/2006/mini/marilda.pdf>. Acesso no dia 26 de maio de 2013.
 GOMES, O. Racionalidade e escolha. Disponível em: <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/pdf/egg/v12n2/v12n2a04.pdf>. Acesso em 30 de maio de 2013.

CASTRO, L. I de F, HELENO, J. Livro Introdução à Teoria da escolha. Disponivel em: <http://w3.impa.br/~luciano/livro.pdf>. Acesso em 26 de maio de 2013.

SOTOMAYOR, M. Teorema da impossibilidade de Keneth Arrow. Disponivel em: <http://www.mat.ufg.br/bienal/2006/mini/marilda.pdf>. Acesso no dia 26 de maio de 2013.

Autores:  Carlos Vinícius Pancioni          AD121164
                      Larissa Oliveira Simões          AD121176
                      Matheus Henrique Leite           AD121188
                      Rafael Henrique Camargo      AD121196
                      Nicolas de Castro Silva           AD121191 

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